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Homens transexuais buscam visibilidade para novas gerações
Com uma luta política historicamente menos evidente que de outros grupos que celebram hoje (28) o Dia do Orgulho LGBT, os homens transexuais vivem um "boom" atualmente
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Ainda pequeno, quando fazia catequese, Patrick Lima repetia secretamente uma oração antes de dormir: pedia para acordar no corpo de um menino. Naquela época, seus pais, professores e toda a sociedade ainda o chamavam pelo nome feminino com que foi batizado. Com o passar dos anos, na adolescência, ele teve acesso a ícones transexuais como Roberta Close e Rogéria, mas todas eram mulheres. Existir como homem trans, lembra ele, estava fora das possibilidades a que tinha acesso.
"Me descobri com 17 anos. Eu sabia que existia a mulher trans, mas eu nunca tinha visto em lugar nenhum um homem trans", conta ele, hoje com 27 anos. A descoberta veio com um personagem trans no seriado norte-americano The L Word. "Quando vi, eu pensei: 'Eu também sou'".
Com uma luta política historicamente menos evidente que de outros grupos que celebram hoje (28) o Dia do Orgulho LGBT, os homens transexuais vivem um "boom" atualmente, acredita Patrick. Ele cita canais no YouTube, personagens em novelas e o reconhecimento de figuras históricas como João Nery, transhomem considerado pioneiro no Brasil.
Ainda pequeno, quando fazia catequese, Patrick Lima repetia secretamente uma oração antes de dormir: pedia para acordar no corpo de um menino. Naquela época, seus pais, professores e toda a sociedade ainda o chamavam pelo nome feminino com que foi batizado. Com o passar dos anos, na adolescência, ele teve acesso a ícones transexuais como Roberta Close e Rogéria, mas todas eram mulheres. Existir como homem trans, lembra ele, estava fora das possibilidades a que tinha acesso.
"Me descobri com 17 anos. Eu sabia que existia a mulher trans, mas eu nunca tinha visto em lugar nenhum um homem trans", conta ele, hoje com 27 anos. A descoberta veio com um personagem trans no seriado norte-americano The L Word. "Quando vi, eu pensei: 'Eu também sou'".
Com uma luta política historicamente menos evidente que de outros grupos que celebram hoje (28) o Dia do Orgulho LGBT, os homens transexuais vivem um "boom" atualmente, acredita Patrick. Ele cita canais no YouTube, personagens em novelas e o reconhecimento de figuras históricas como João Nery, transhomem considerado pioneiro no Brasil.
"A partir do plano, foi uma saga para conseguir um médico, porque a maioria diz 'eu não entendo', 'eu não faço', 'não concordo', 'minha religião não permite'. Ainda tem isso, você está pagando e ainda tem que ouvir uma coisa dessas."
Leonardo concorda e conta que muitas vezes os endocrinologistas se recusam mesmo sabendo que os hormônios são semelhantes aos usados em tratamentos comuns de reposição hormonal. Na sala de espera do ginecologista, os constrangimentos são muitos e as consultas, muitas vezes, terminam em negativas de atendimento. "A saúde ainda é binária e está marcada pelas questões de gênero."
Integrante do do Núcleo de Defesa dos Direitos Homoafetivos e Diversidade Sexual (Nudiversis-RJ) da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, a defensora pública Letícia Furtado conta que as demandas de homens trans que chegam até o órgão estão ligadas principalmente a serviços de saúde. As dificuldades são ainda maiores que as encontradas pelas mulheres trans, conta a defensora, que exemplifica que a transgenitalização (correção do órgão genital), no caso deles, ainda é considerada um procedimento cirúrgico experimental por muitos profissionais. Para as cirurgias complementares, como a mastectomia, os obstáculos partem de planos de saúde ou unidades públicas que consideram o procedimento estético.
"Para um homem trans, [a mastectomia] muitas vezes é fundamental e muitos relatam que é o que faz a grande diferença na vida deles, que é o momento que mexe com a masculinidade deles. Mas, como ainda consideram apenas uma cirurgia plástica, esse é um enfrentamento que estamos fazendo."
Para o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), Luiz Montenegro, a decisão recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) de retirar a transexualidade da lista de doenças mentais e incluí-la como incongruência de gênero nas questões de saúde sexual pode colaborar com um cenário de serviços mais acessíveis e profissionais mais sensíveis.
"Havia uma patologização do que é uma condição humana, e que não tem nada a ver com doença", argumenta. "A gente espera que os profissionais de saúde se sensibilizem. É necessário ter mais ambulatórios para pessoas trans ou que tenhamos profissionais de saúde engajados no cuidado das pessoas da maneira mais ampla possível?", questiona.
Vinícius Lisboa
Agência Brasil